O aposentado Irineu Duarte integra o rol de itapirenses sobre os quais foram construídas lendas a respeito de seu vigor físico ao longo de 91 anos de vida completados no mês passado. Em uma época onde o basquetebol não tinha nenhuma menção na cidade, ele foi seu precursor no final dos anos 1930, quando adotou a prática nas fileiras do Exército. Foi com o basquete que ele se consagrou, mas corridas e caminhadas sempre figuraram entre seus principais feitos.
Irineu , ou simplesmente “Vô Jorge” como é conhecido ( contou que ganhou o apelido do avô João Luiz Duarte que nunca se conformou pelo fato dos pais o terem batizado como Irineu e o chamava de Jorge, nome que segundo o próprio Irineu “colou”) até meados de 2011 ainda realizava suas caminhadas diárias. De repente parou com tudo.
O resultado logo apareceu na balança e na falta de disposição. Como tem o privilégio de ter como genro ninguém menos do que o professor de Educação Física José de Oliveira Barreto Sobrinho, teve início um processo de volta aos treinos. “Não foi difícil convencê-lo. Ele tem uma força de vontade muito grande. Problema é que nesta sua idade precisa de cuidados especiais e fomos atrás”, disse o genro. Ambos foram bater à porta do fisioculturista Gildo Piardi, que topou fazer um trabalho voluntário com vô Jorge. Em dias pares, Irineu Duarte se submete a uma hora de fortalecimento muscular. “ É preciso formular um treinamento específico, bem cadenciado, sem pressa”, disse Barreto. O genro disse que caminhadas por enquanto “só na esteira”. Pelas ruas acha que ainda vai demorar um pouco. “ Mas vamos chegar a este estágio novamente”, acredita.
Precedente
Barreto conta que o sogro já teve um precedente parecido no começo da década de 1960, quando ele já havia se tornado esposo de Zuma Duarte. A diferença principal era evidentemente a idade. Irineu com seus 43 anos tinha adotado um estilo de vida sedentário. Barreto tinha vindo de São Paulo para atuar no antigo IEEESO. Jovem, todo pimpão e terror dos estudantes sedentários, não teve dúvida em aplicar ao próprio sogro seus métodos de treinamento que eram compostos por extravagantes caminhadas e corridas. “No começo ele estranhou, mas pouco tempo depois estava esbanjando uma forma invejável”, gaba-se. O primeiro desafio que se seguiu foi uma caminhada de 74 quilômetros pela região, feita em 13h50. Teve uma outra para Campinas onde Vô Jorge chegou “meio baleado” segundo testemunho do genro.
No começo da década de 1980 Vô Jorge voltou à consagração com o Basquete , integrando aos 60 anos uma equipe que era chamada de Bengala Superstars exatamente por causa da faixa etária dos atletas. A equipe foi campeã dos Jogos de Verão em 1981 e dava show, conforme insuspeita matéria veiculada pelo Jornal Cidade de Itapira. O peso da idade foi dificultando as coisas, mas Irineu relatou que jamais abandonou as caminhadas e está muito feliz por estar de volta ao batente. “Tenho ainda muita lenha para queimar”, projetou.
Ele ainda fez uma espécie de agradecimento ao genro. Segundo disse, caso o destino não tivesse colocados os dois num nível de tamanha intimidade, duvida que chegasse aos 91 anos exibindo lucidez e boa forma. “Tem sido meu grande incentivador e sou grato a ele”, encerrou.
Visita à pista de atletismo para que Irineu entre novamente no clima.
Aparecem aí na foto os treinadores de atletismo Rodrigo Costa e Nivaldo Marques
Barreto e Vô Jorge, a atividade física em família